Fantástico Mundo

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Outro dia eu li uma matéria que falava especificamente dos filhos únicos. Com certeza crescer "sozinho" e com vários irmãos tem efeitos diferentes. Não sei até que ponto, na verdade, pois eu sempre tive muitos primos também. Mas enfim, fato é: eu nunca tive problema em brincar sozinha. Ou de passar duas horas montando a casa da Barbie e depois brincar 10 minutos e me cansar. Eu inclusive gosto de estar sozinha parte do tempo. Morro de vontade de saber como é crescer com irmãos (de forma unida, pois muitos apenas brigam) também, mas não se pode ter tudo.


Não me lembro de ter tido amigos imaginários, mas não me faltava imaginação. Podia brincar de Barbie, consultório médico, professora (de Barbies, bonecas, pelúcias ou então meus amigos e primos - que nunca prestavam atenção e me deixavam furiosa), teatro, princesa, etc. E os filmes com certeza fizeram uma grande diferença. O Jardim Secreto está entre os meus preferidos pro resto da vida. Eu devia ter uns 10 anos quando o vi pela primeira vez (e o vejo até hoje) e ele ajudou a apenas crescer minha curiosidade e imaginação. Às vezes quando estava entediada, explorava as escadas e corredores do prédio antigo que eu morava. E só de ser antigo me chamava mais a curiosidade. Cada portinha eu queria abrir e ver o que tinha. Uma vez abri uma portinha insignificante e estranhas com fiação do prédio. E para minha surpresa encontrei um pingente de coração. Vai saber porque um pingente estava ali. Com certeza pensei em mil teorias, mas no fim só aproveitei o gostinho do mistério. Fechei a porta e continuei minhas aventuras imaginárias. Mas todos os dias eu voltava e ele seguia lá. Pensava se seria feio levá-lo, mas pior seria deixá-lo ali sozinho. Umas semanas depois eu decidi que ele seria meu, eu o encontrei. Era como meu tesouro. E eu nunca mais o deixei de usar ou guardar. E o bom de estar sozinho é que ninguém está ali para te chamar de doido por estar imaginando coisas assim. Você cria um cenário, entra nele e se entrega à sua própria brincadeira.

O Pingente de Coração

Alguém já assistiu A Princesinha? Ou Ponte para Terabithia? Em ambos os personagens criam um universo mágico e imaginário (que eles podem ver e tocar) para escapar de algo em suas vidas. E afinal todos passamos a vida fazendo isso, não? Seja indo ao cinema, seja encontrando os amigos, dançando na chuva... qualquer coisa que nos divirta e nos faça esquecer que existe algo sério acontecendo, nem que seja a própria vida em si. É uma pena que a maioria que valoriza muitos desses filmes ou imaginações sejam crianças, falta muito de criança interior na maioria dos adultos! Amo todos esses filmes "bobos" e não tenho nem vergonha de admitir. De bobos não tem nada.


Enfim, no primeiro filme (A Princesinha) a protagonista transforma o mais feio dos lugares em um lugar incrível com a imaginação (e um pouco de magia, não se sabe ao certo o que) e contagia sua amiga Becky, deprimida por uma vida dura e escrava que também passa a ter o gosto disso tudo e consegue sorrir e ser criança. No segundo, os protagonistas criam um universo mágico em um bosque simples e sem graça para fugir da realidade de bullying na escola. Mas depois de os assistir 600 mil vezes percebi que ambos têm uma coisa em comum: toda a "viagem" deles os ajuda em algum aspecto na vida real. Eles sabem que no coração, na mente ou em outro universo, eles enfrentam seres ou vivenciam magias tão incríveis que os problemas reais parecem pequenos. Não são, mas eles passam a ter coragem para os enfrentar.


Talvez por isso tenha surgido meu enorme gosto pelo teatro, por acreditar que podem existir um monte de universos, quantos eu quiser. Talvez por isso sempre que viajo e vejo campos enormes e verdes eu consigo me imaginar em um cavalo galopando por aí. Ou então imagino nuvens clichés e fofas que eu posso deitar e pular, se viajo de avião. Às vezes deixo as coisas mais interessantes e me imagino fugindo de outros cavalos que me perseguem. Ou então imagino flores por todo esse campo.

A coisa é: a imaginação é magia. Te faz ver flores e fadas onde "não tem". Ou então entrar no mar e lutar contra as ondas. Te faz inventar poses de luta, nomes e vitórias ou derrotas quando uma onda te engole ou você consegue sair dela. Essa de longe deve ser a brincadeira mais divertida possível. Com amigos então... você não sabe o que é infância divertida se nunca brincou no mar! Desculpe, mas é assim. E se você me disser que nunca fingiu ser uma sereia (ou um sereio) ao nadar submerso na piscina ou no mar... eu vou chorar por você e te chamar pra ir nadar! Nunca é tarde pra se divertir.

Mas existe a imaginação assustadora também. Acha que Nárnia são apenas mil maravilhas, por exemplo? Experimente abaixar na piscina e abrir os olhos. Você nunca imaginou um tubarão se aproximando do infinito azul, com dentes enormes vindo comer sua cabeça se você não sair correndo pra fora da água? E não ouse tropeçar, ele pode agarrar seu pé! Ou então a missão de apagar as luzes da casa até chegar vivo em seu quarto? Vai dizer que nunca ficou um tempo tomando coragem até apagar a primeira luz e sair correndo a mais de mil apagando as outras até chegar no seu quarto e fechar a porta com força depois de conseguir escapar vivo? Ah, por favor!

Talvez eu (e todos que caminham e respiram imaginando coisas) devesse escrever um livro. Ou atuar no cinema (esse é um sonho antigo, na verdade. Hollywood, por favor leia meu post, hehe). Talvez as fadas que eu acredito que existem (acredito em toda criatura mística) deviam aparecer para mim. Não existe isso de "ser para criança". Ou adultos não escreveriam contos mágicos.


"Com uma mente como a sua, você poderia criar todo um mundo novo."


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