A História do Sexo - Gregos, Romanos e Masturbação

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Começamos com um conto narrado por Diógenes de Sinope, filósofo grego do século V a.C., que conta que o inventor da masturbação foi o deus Hermes. O deus um dia encontrou seu filho desolado, pois este não conseguia o amor da ninfa Eco, então o pai divino ensinou ao filho como aliviar seu sofrimento sexual, usando a masturbação. Pan então ensinaria aos pastores isolados tal técnica.
Pan em seu momento íntimo

E é assim que os antigos gregos viam a masturbação, um substituto saudável e comum de quando eram impossibilitados de terem outras formas de prazer sexual, ou para evitar terem filhos ilegítimos. 

Acreditavam também que a frustração sexual podia destruir uma pessoa, por isso satisfazer a si mesmo era importante para a saúde mental. 

Existem poucos escritos que afirmam como era a masturbação feminina, porém existem relatos de uma palavra específica para isso: anaphlan (traduzido como fogo alto). Além disso, filósofos escreveram que o ato era para ser incentivados às mulheres antes do matrimônio.


Para o auxílio da prática, a cidade de Mileto ficou conhecida por fabricar os melhores ólisbos das cidades gregas, que eram pênis artificiais feitos de couro macio. Existem pinturas de mulheres usando os ólisbos sozinhas, em duplas, em grupo, algumas penetrando no ânus, ou usando até dois ao mesmo tempo em cada orifício. Também é de conhecimento que as hetairas, uma espécie de prostitutas de luxo, usavam em apresentações eróticas durante banquetes. No entanto, alguns relatos romanos sugerem que o ato de masturbação deve ser feito antes do ato sexual, para prolongá-lo.  
Apesar da crença geral, muito do moralismo cristão iniciou entre os romanos, então a masturbação no Império Romano já começa a ser vista como um tabu. Para uma sociedade que acreditava que cada romano era um futuro soldado, a masturbação podia diminuir a líbido sexual e, como consequência, a procriação. Outros textos diziam que era um ato que devia ser feito apenas com a mão esquerda, a amica manus ("a mão amiga"), pois a mão direita era dedicada a tarefas mais nobres. Isto é reafirmado num grafite num muro preservado em Pompeia, onde estava escrito "quando minhas preocupações oprimirem meu corpo, com a mão esquerda eu libero meus fluídos reprimidos".

Se os escritos do poeta Marco Valério Marcial do século I d.C., servirem como base para o que o povo romano achava da masturbação, o ato era considerado como uma forma inferior de libertar os desejos sexuais, algo feito por escravos que não tinham parceiros. Porém, ele mesmo num poema afirma que se masturbou ao pensar num escravo menino.

Algo de escravos, mas ao mesmo tempo, algo proibido para escravos. Principalmente aqueles que eram comprados para satisfazer as vontades sexuais de suas mestras, que eram esposas de generais que viviam longe, normalmente guerreando. Eles compravam jovens bem dotados e viris para elas, e embora não fosse algo extremamente público e legal, era comum. Para isso, precisavam estar sempre com pique sexual, e por isso eram proibidos de se masturbar. Alguns usavam cintos de metal, que impediam o pênis de ficar ereto, outros, se fossem pegos se masturbando, eram flagelados com uma vara no órgão sexual e tinham o pênis enfaixado com um tecido com ervas e pimenta. Caso insistissem, eram castrados e tinham as línguas arrancadas para não contarem os segredos que tinham entre a mestre e ele.

Cinto de castidade romano para escravos

Por fim, é importante dizer que a própria palavra masturbação vem do latim romano, embora não exista um consenso entre os linguistas - uns dizem que Mas é pênis (derivado de Male, Homem) e turbare é agitar. Outros falam que vem de uma variação de sturpare que é "cometer um erro sexual contra", neste caso, com mão, a Man.

E como dito, os estigmas que começaram com os romanos, só piorariam muito mais entre os cristãos, como veremos no próximo capítulo: a Idade Média.


Algumas referências para consulta:
  • Os livros "Sexuality in the Roman Empire" de Amy Richlin e o traduzido "Amor, Sexo & Casamento na Grécia Antiga" de Nikos A. Vrissimtzis.
  • Sempre vale ler todas as pichações escritas espalhadas por vários muros e paredes da cidade de Pompeia, que após sua destruição pelo vulcão Vesúvio, deixou para a posterioridade incontáveis materiais e fontes históricas. Vejam neste site: Pichações de Pompeia.

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