Assim, cada chá é originado das folhas de Camellia sinensis em um grau diferente de oxidação - o que interfere na cor, no sabor e até mesmo nos níveis de cafeína e outros componentes de cada chá. Os mais conhecidos são os seguintes:
Chá branco - O chá branco é feito com folhas jovens, brotinhos mesmo, com até 2,5 centímetros de altura, que não sofreram efeito de oxidação - geralmente os botões são protegidos da luz do sol, para prevenir a formação de clorofila. As folhas são secas naturalmente, sob o sol, e perdem cerca de 20% da umidade, o que suaviza o sabor herbal e o cheiro de grama, e mantém altas concentrações de substâncias benéficas para a saúde: o chá branco é antioxidante e melhora a imunidade do organismo. Também tem menos cafeína (cerca de 35mg por xícara), então pode ser consumido a qualquer hora do dia. Entre os tipos "básicos" de chá, este é o mais delicado, e também o mais caro. A água usada na preparação deste chá - assim como do chá verde - não precisa ser fervida, apenas aquecida. O tempo de infusão ideal fica em torno de cinco minutos. Pode ser tomado gelado (como é preferência nos Estados Unidos, por exemplo, onde 85% de todos os chás são tomados assim); e, por ser levemente doce, geralmente dispensa adoçantes, mesmo para quem não curte o sabor amargo das variações mais fortes da bebida. Os acompanhamentos ideais são alimentos mais leves e frescos, como arroz e saladas, além dos cítricos, como sobremesas com limão e laranja.
Chá verde - A oxidação é interrompida com calor, através da quebra da estrutura molecular, quando as folhas são colocadas em bandejas quentes (o método mais tradicional na China) ou aquecidas com vapor (segundo a tradição japonesa). A planta perde cerca de 50% da umidade e murcha, ficando macia o suficiente para ser enrolada. O chá verde é famoso por ajudar na perda de peso, mas também diminui a pressão e o colesterol, além de fortalecer unhas e cabelos. Também tem pouca cafeína, como o chá branco - mas, diferente dele, que não é exatamente branco, é mesmo bem verde, então é difícil de confundir. O tempo de infusão deste chá pode ser um pouco mais curto que o da maioria dos outros tipos - geralmente, cerca de dois minutos são o suficiente. Fica muito gostoso misturado a limão, mel e gengibre - separados, ou até mesmo em diferentes combinações. Vai bem com bolos de frutas, como banana e maçã, especialmente se estes levarem especiarias na receita, como canela; e também equilibra bem pratos mais salgados.
Oolong - Menos conhecido no Brasil, o oolong é um intermediário entre o chá verde e o chá preto, semi-oxidado. Teve sua origem na região das montanhas de Wu Yi, na China; e hoje é produzido com métodos variados: entre as técnicas de oxidação - e de interrupção dela - estão a fricção das folhas frescas em bandejas de bambu e a torra da planta sobre carvão vegetal. Em seguida, as folhas são enroladas e soltas diversas vezes, uma a uma - uma técnica que exige habilidade e paciência -; até ficar no seu formato característico, fino e curvo, que, dizem, deu origem ao seu nome: "oolong" significa "dragão negro" em chinês. Esta variação traz os mesmos benefícios para saúde que os chás branco e verde, mas tem mais cafeína: cerca de 50mg por xícara. Acompanha bem sobremesas mais doces, como cheesecake - e, para os que gostam de uma combinação mais exótica, também vai bem com queijos.
Chá oolong |
Além das quatro variações básicas, estão disponíveis no mercado alguns tipos de chá menos usuais:
Pu-erh - Muitas vezes este chá é considerado um tipo de chá preto, mas essa classificação é incorreta. O Pu-erh é um chá fermentado (esse, de verdade: a fermentação desta bebida é resultado da ação de bactérias) e envelhecido, e pode ter mais de 50 anos quando finalmente for considerado próprio para consumo. Atualmente existe um método que acelera o envelhecimento natural do produto, produzindo uma bebida de menor qualidade, vendida em saquinhos - e popularmente conhecida como "pu-erh cozinhado". Já o pu-erh tradicional é o mais apreciado de todos os chás na China: depois de tratadas, as folhas são prensadas em moldes e conservadas em blocos ou tijolos - também chamados de "bolos" ou "prismas". Considerado um chá medicinal em seu país de origem e utilizado na cerimônia do chá chinesa (que é diferente da japonesa), o pu-erh é catalogado de acordo com a qualidade das folhas e seu ano de produção, como se costuma fazer com vinhos - algumas pessoas chegam a colecioná-los, já que o chá não estraga. É preparado em água muito quente, às vezes até fervendo, e tem um sabor denso, amadeirado e terroso. Podem ser verdes (quando são chamados de "sheng") ou pretos ("shu").
Um "bolo" de pu-ehr |
Além destes, há ainda o chong cha (esta bebida, cujo nome pode ser traduzido como "chá quente", é feito a partir das sementes da Camellia sinensis, em vez das folhas. É usado na medicina chinesa, para lidar com o calor do verão e curar gripes); o kukicha ("chá de inverno", feito de galhos e folhas verdes da planta, tostado a seco sob o fogo; muito popular na medicina tradicional japonesa); o lapsang souchong (um chá preto que é seco usando fogueiras de pinho); o chá rize (chá preto bastante forte, feito na Turquia, tradicionalmente servido com açúcar); e os chás aromatizados (também chamados de "chá de flor", são chás brancos ou verdes, misturados a flores durante a etapa de secagem; tradicionalmente jasmim, mas também rosas e outras espécies perfumadas. Delicados, são muito saborosos quando tomados gelados, e acompanham bem pratos com sabores fortes e picantes. Às vezes as flores são deixadas na bebida, como decoração - e, por ser visualmente atraente, o chá de flor é usado como um chá de boas-vindas na China). Existem ainda outras bebidas e ervas que são conhecidas como "chá", ou consumidas em substituição dele; como a erva-mate (arbusto cultivado principalmente na Argentina, Paraguai, Uruguai e Brasil; e bebido tanto no chimarrão quanto no mate gelado), o rooibos (uma planta avermelhada, originária da África do Sul, que produz uma infusão parecida com a do chá preto) e o honeybush (um "parente" mais doce do rooibos).
Todos estes tipos são normalmente vendidos como chás simples, mas também existem os blends - ou seja, misturas de vários chás, ou de chás a outros componentes, como frutas, flores, especiarias e outras ervas. O famoso massala chai, da Índia, por exemplo, é aromatizado com especiarias, como gengibre, cardamomo, canela, cravo, louro e pimenta. O Earl Grey, um dos mais tradicionais na Inglaterra, é uma mistura de chás pretos, com adição de essência de bergamota. E existe até o jagertee, um chá que leva rum na preparação - isso para ficar em apenas alguns exemplos. Embora muitos experts defendam que o chá nunca deve ser adoçado, muita gente prefere consumir o seu com açúcar, mel ou até mesmo geleia de frutas; além de limão ou leite. O leite, aliás, é motivo de discussão: enquanto alguns afirmam que o "correto" é misturar o chá já pronto ao leite, outros escolhem preparar o chá no próprio leite, em substituição à água. Vale experimentar para ver qual é o seu método favorito. ;)
Nos próximos textos eu vou falar um pouco sobre os meus blends favoritos - além de acessórios, marcas e lojas perfeitos para quem é fã de chá. <3 Ah: esse texto (ou parte dele) foi escrito tomando uma xícara de chá branco puro, adoçado com mel - que, de tão docinho, serviu quase como minha sobremesa depois do almoço. ;x
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