Meu pai sempre foi apaixonado pelo mar. Sempre gostou de barcos, de mergulho, de pesca. Veio daí o meu nome, Marina. Veio daí também a vontade de morar no litoral, que o fez largar tudo na cidade natal e se mudar para um novo lugar com a minha mãe. Minha mãe não é tão fã de mar, mas adora praia - o que é quase a mesma coisa, visto que praia sem mar não é bem uma praia. Eu cresci com os pés na areia - mesmo que minha pele branquela não denuncie. Meus pais estavam sempre na areia, a trabalho ou a lazer, e eu logo aprendi a não ter medo da água: até hoje, nadar é uma das coisas que eu faço com mais naturalidade. Eu danço há anos, mas sempre quis aprender a dançar com a mesma naturalidade com que sei nadar. Eu não penso, não uso os dedos para apertar o nariz e trancá-lo, às vezes nem fecho os olhos - só vou.
"Andei por andar, andei, e todo caminho deu no mar", diz a música cantada por Dorival Caymmi desde 1959 - e que eu tatuei no braço há dois anos. "Quem vem pra beira do mar nunca mais quer voltar." E é verdade. O que será que o mar tem, que faz todo mundo sonhar com uma vida ao lado dele? Famílias investem em casas de praia. Gente com mais grana mora na praia o ano todo. Gente que não pode morar na praia economiza para passar as férias por lá - e botar os pés no mar pelo menos uma vez por ano. Quando eu digo onde moro, "ê, vidão" é uma resposta frequente - como se, só por morar aqui, eu automaticamente tivesse uma vida mais feliz e relaxada que a da maioria.
Não é beem assim - no último verão eu devo ter ido à praia umas três vezes, apesar de morar ao lado dela, porque, bem, eu estava trabalhando, né? Geralmente os turistas acabam aproveitando mais a minha cidade do que os próprios moradores. Mas, ainda assim, é bom saber que o mar está ali, pertinho. É lindo poder vê-lo daqui do alto do morro onde fica a empresa onde eu trabalho. É uma delícia passar por ele a caminho de casa e sentir a brisa do mar, o cheiro da água salgada, da maresia. É como se eu soubesse que, okay, eu não estou de folga todo dia para aproveitar o mar em sua plenitude, mas, caso queira mesmo, eu posso - nem que tenha que dar a louca, ligar para o trabalho, dizer que estou doente, tirar os sapatos e correr para a água. Ele está ali para mim, caso eu precise - e muitas vezes eu preciso. Eu sei que parece idiotice, cena feita para imitar filmes tristes, mas a minha melhor cura para a melancolia é caminhar até a beira da praia, sentar na areia e ficar olhando o vai e vem das ondas, sem pensar em muita coisa. Talvez seja aquela coisa meio clichê de "vendo a imensidão do mar, eu percebo como meus problemas são pequenos". Talvez seja algo mais místico, algo a ver com equilíbrio de energias - será que é porque Escorpião é um signo de água? Ou talvez seja algo equivalente a uma meditação, para acalmar os pensamentos. Seja como for, funciona. Cura.
Parece que eu e a Marina temos algo em comum com o mar: nossos pais. Meu pai também sempre foi apaixonado pelo mar. Aliás, ele desde os 16 anos tem contato feroz com este universo. Entrou para a marinha nesta idade e visitou mais lugares que você poderia imaginar, naqueles barcos gigantes de guerra. Passou a consertar motores de iates - inclusite de Brigitte Bardot - e por fim se tornou capitão. Dizem as línguas que um dos melhores. Minha mãe também trabalhava com ele. Então não sei exatamente se é por influencia deles, se está no sangue ou se é algo de outras vidas. Ou talvez porque nasci em lugar com mar e passei toda a vida em outros também. Vai entender. Não me leve a mal - lagos são lindos, rios também. Mas o mar tem toda aquela magia. Digamos que eu acredito em sereias e etc. Não consigo acreditar que somos os únicos seres existentes. O mar e o universo são tão grandes, por exemplo.
Aliás (momento guilty pleasure), eu adoro o filme A Lagoa Azul. Até mesmo a versão moderninha, A Lagoa Azul, o Despertar. Não importa se é bem feito ou mal feito, se é antigo ou não. O que importa é que eu sou apaixonada por todo esse universo mágico de ilha, mar, casinha bonitinha feita de madeira, bambu ou sei lá o que. Me dá vontade de me perder em uma ilha, conseguir construir aquela casa maravilhosa, ficar pelada o dia todo, nadar assim e sei lá. Um dia eu gostaria realmente de ter uma casa em uma ilha ou uma praia deserta. Juro.
Bem, a vida me atrai para lugares com mar. Adoro montanha, vivo atualmente na montanha (mesmo que esteja escrevendo este post no Rio de Janeiro), mas o mar me carrega de uma energia sem comparação. A areia, o cheiro, o barulho das ondas. Eu sei que em lagos também há onda. O lago Nahuel Huapi é gigante e parece mar, tem onda como o mar. Mas não tem o cheirinho, não tem o sal a mais para temperar a vida, nem a areia gostosa. Não tem a parte molhada da areia brilhando com o sol se pondo, formando aquelas cores absurdas de bonitas.
O mar é meu refúgio. Eu gosto de ir com amigos, família ou o que seja, mas tem vezes em que eu preciso de um encontro sozinha com ele. Vou assistir o por do sol sozinha, nadar sozinha, sentar e ler sozinha - e até mesmo de luto eu vou para o mar. Quando minha avó morreu a primeira coisa que eu fiz (até mesmo antes de chorar) foi pegar um ônibus e ir para Ipanema. Era um horário vazio em dia de semana e eu sabia que precisava disso. Neguei a companhia da minha mãe - eu não precisava dela, e sim do mar, da areia e do silêncio que o som da natureza proporciona. Lá sim eu chorei e tive paz. E ele me abraçou e cuidou como nenhum humano conseguiria.
O mar cuida de você. O mar te inspira e te desafia. Ser um capitão de navio não é apenas mandar. É enfrentar os perigos. É ter vidas em suas mãos. Meu pai descreve a sensação de enfrentar uma tempestade como pura conexão humana e mar. Não há motores que te ajudem. E diz ele que a concentração e o foco são tão grandes que em um dado momento nada mais se escuta. Você fica surdo pra tudo, apenas em contato com a vibração da água, do movimento das ondas com o barco e assim sabendo para onde virar ou não virar e consequentemente se vai viver ou morrer. O mesmo deve servir para surfistas; essa conexão profunda, esse momento de transformação em uma coisa só.
Pra mim que o mar é mais que só água. Ele vive. Ele sente. E ele te respeita se você também o fizer.
Aliás (momento guilty pleasure), eu adoro o filme A Lagoa Azul. Até mesmo a versão moderninha, A Lagoa Azul, o Despertar. Não importa se é bem feito ou mal feito, se é antigo ou não. O que importa é que eu sou apaixonada por todo esse universo mágico de ilha, mar, casinha bonitinha feita de madeira, bambu ou sei lá o que. Me dá vontade de me perder em uma ilha, conseguir construir aquela casa maravilhosa, ficar pelada o dia todo, nadar assim e sei lá. Um dia eu gostaria realmente de ter uma casa em uma ilha ou uma praia deserta. Juro.
Bem, a vida me atrai para lugares com mar. Adoro montanha, vivo atualmente na montanha (mesmo que esteja escrevendo este post no Rio de Janeiro), mas o mar me carrega de uma energia sem comparação. A areia, o cheiro, o barulho das ondas. Eu sei que em lagos também há onda. O lago Nahuel Huapi é gigante e parece mar, tem onda como o mar. Mas não tem o cheirinho, não tem o sal a mais para temperar a vida, nem a areia gostosa. Não tem a parte molhada da areia brilhando com o sol se pondo, formando aquelas cores absurdas de bonitas.
O mar é meu refúgio. Eu gosto de ir com amigos, família ou o que seja, mas tem vezes em que eu preciso de um encontro sozinha com ele. Vou assistir o por do sol sozinha, nadar sozinha, sentar e ler sozinha - e até mesmo de luto eu vou para o mar. Quando minha avó morreu a primeira coisa que eu fiz (até mesmo antes de chorar) foi pegar um ônibus e ir para Ipanema. Era um horário vazio em dia de semana e eu sabia que precisava disso. Neguei a companhia da minha mãe - eu não precisava dela, e sim do mar, da areia e do silêncio que o som da natureza proporciona. Lá sim eu chorei e tive paz. E ele me abraçou e cuidou como nenhum humano conseguiria.
O mar cuida de você. O mar te inspira e te desafia. Ser um capitão de navio não é apenas mandar. É enfrentar os perigos. É ter vidas em suas mãos. Meu pai descreve a sensação de enfrentar uma tempestade como pura conexão humana e mar. Não há motores que te ajudem. E diz ele que a concentração e o foco são tão grandes que em um dado momento nada mais se escuta. Você fica surdo pra tudo, apenas em contato com a vibração da água, do movimento das ondas com o barco e assim sabendo para onde virar ou não virar e consequentemente se vai viver ou morrer. O mesmo deve servir para surfistas; essa conexão profunda, esse momento de transformação em uma coisa só.
Pra mim que o mar é mais que só água. Ele vive. Ele sente. E ele te respeita se você também o fizer.
Este post foi feito por Marina e Alexandra, duas sea crazy ladies.
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