Dor de cabeça de avião

Adoro aviões. Todo o processo de viajar de avião, até mesmo a longa espera no aeroporto. Não sei explicar, só gosto muito do ambiente do aeroporto, aquelas chegadas e partidas, as pessoas nervosas e ansiosas na sala de espera... é legal. Decolar e pousar são os momentos mais divertidos para mim, adoro a sensação do friozinho na barriga. Ou as turbulências. Eu sei que muita gente fica com medo quando o avião começa a tremer, mas eu acho muito divertido. Nunca passei por uma turbulência mega forte, então talvez goste por isso.

Mas essa é a parte boa. O que eu quero falar hoje não é nada divertido. Dor. Aguda, intensa, do tipo que te faz chorar, literalmente.

Vocês já ouviram falar de "cefaleia da altitude"? E "barotrauma"? Pois é, nem eu tinha ouvido até pesquisar no google e achar meia dúzia de artigos sobre o assunto. Sim. Meia dúzia. A maior parte é de 2011 ou 2012, não achei nada muito recente, então talvez eu esteja falando merda e esses estudos já tenham sido atualizados. Mas em todos os artigos que li, as pessoas não sabem o que é essa "dor de cabeça de avião" ainda. Os médicos sabem pouco. Não há estudos científicos aprofundados sobre. Os livros tinham acabado de ser atualizados e introduzir a "cefaleia da altitude", e na verdade essa dor no avião nem chama "cefaleia da altitude", mas foi o mais próximo que encontrei.

Alguns médicos acreditam que essas dores aconteçam com pessoas gripadas ou que sofram de sinusite, rinite ou algum desses ites malditos (e como tenho rinite, pode ser um eureka!). Quando o passageiro entra no avião com as vias congestionadas, é possível que numa mudança de altitude - geralmente nas decolagens ou aterrissagens, por causa da mudança de pressão do ar - essa dor aconteça.

Um estudo feito lá por 2011 ou 2012 com míseras 75 pessoas concluiu... nada, basicamente. E só numa lida rápida nos comentários de uma publicação do facebook (aqui) já deu para perceber que milhares de pessoas sofrem com isso no mundo (aumento, mas não invento).

Bem, deixando estudos e artigos de lado, vou contar o que aconteceu comigo:

Minha primeira crise assim foi voltando do Rio de Janeiro (acho), em 2012 (acho²). Estava com duas amigas. A dor começou já rasgando meu cérebro. Era uma pressão que parecia estar esmagando meu crânio inteiro ao mesmo tempo que alguém golpeava minha cabeça com algum objeto fino e cortante. Não demorou (acho) para que a dor se espalhasse pela minha nuca e ombros. E qualquer movimento que eu fazia aumentava a dor, então fiquei tensa e o mais parada que consegui, chorando, falando que ia morrer (mentira, mas foi quase isso). As meninas ficaram assustadas e chamaram uma comissária, que ficou olhando para mim com cara de bunda sem saber o que fazer.

Esperei.

Não sei quanto tempo durou, mas em algum momento passou. E foi o maior alívio da minha existência.

Não aconteceu na decolagem nem na aterrissagem. Foi no meio do voo, e foi tão traumático que nunca mais entrei num avião sem pensar que ia acontecer de novo. Por alguns anos, ainda bem, não passei mais por isso e cheguei a acreditar que tinha sido como um episódio piloto mal sucedido, cancelado pela emissora antes de ir ao ar. Ufa.

Ledo engano.

Indo de Curitiba para o Rio no início deste mês, passei por isso novamente. Foi um pouco diferente agora, mas a intensidade da dor foi a mesma.

Também foi no meio do voo, mas aconteceu depois de uma turbulência leve. Só o lado direito da minha cabeça começou a doer e ser "pressionada". Meu ouvido fechou e senti uma dor torturante como se uma agulha estivesse furando meu tímpano lentamente. Foi horrível. Desta vez estava sozinha e, como da outra vez tinha passado rápido (mais uma vez, eu acho... é difícil lembrar qualquer coisa enquanto uma dor lacerante te domina), esperei que passasse logo também. Demorou. Quando estava prestes a chamar uma comissária para pedir que ela me matasse de uma vez, a dor passou. Meu ouvido continuou "abafado" até pousarmos e uma dor de cabeça "normal" restou como sequela pelas próximas horas depois do desembarque.

Você deve estar pensando que sou exagerada e dramática. Sou, realmente... mas não estou sendo ao dizer que é a pior dor que já senti na vida. Sabe aquela cãibra na panturrilha que te acordou às 3h da madrugada e fez você sentir que alguém estava amputando sua perna com uma serra elétrica cega? É pior. Sabe aquela bolada que você recebeu no seio no meio da aula de educação física e que te fez deitar no chão chorando, querendo ter nascido homem? Muuuito pior. Sabe aquele momento da pressa no qual você saiu correndo e topou seu mindinho já quebrado na quina da mesinha da sala e precisou sentar no chão e berrar um belo "FILHO DA PUTA" aos prantos para o universo? Não sei nem definir o quão pior essa pressão na cabeça é. Sabe aquela crise de cólica menstrual? Nem preciso especificar o tamanho da dor de uma crise de cólica menstrual fodida para quem já teve uma. É. Essa dor de cabeça é pior do que a cólica do demônio. Tenho quase certeza de que é ainda pior do que a dor do parto, mas não tenho como comparar.

Enfim. Queria uma resposta convincente para o que aconteceu comigo e não encontrei nada muito esclarecedor. Ficarei então com a explicação da rinite, e vou sempre cancelar minhas viagens se elas caírem no mesmo dia em que meu nariz e seios da face não estiverem bem dispostos a colaborar. E mandar qualquer ser humano estúpido e imbecil à merda quando rir e falar que alguém está dando "showzinho" dentro do avião, porque essa porra dói pra caralho. PRA CARALHO.