Sense8

, , 1 comentário
Ah, Sense8! Como esperei por você. Como ansiei por você. Desde que o Fabrizio mostrou o trailer, sei lá quanto tempo atrás, eu literalmente contei os dias até a estreia. Vi os trailers inúmeras vezes e isso foi meio que uma merda, porque eu, com minha cabecinha desgraçada, já montei todo um roteiro do que devia acontecer na série com a premissa mais genial de todos os tempos desde Lost!


Falando em Lost, amantes de Sayid (como eu) vibraram ao ver Naveen Andrews no elenco. Aliás, isso deve ter sido um fator importante para a minha pré-paixão pelo seriado.


Sense8 é a coisa mais maluca e genial que vi nos últimos tempos. São 05h da manhã no momento em que escrevo isto e faz meia hora que terminei de ver o décimo segundo dos doze episódios que foram liberados, bem, hoje =B

Ela não é boa a ponto de fazer alguém normal sentar a bunda num sofá e ver 12 horas seguidas de conteúdo, mas eu sou maluca - e estava viciada na minha ideia genial de roteiro, não esqueçam disso. Os episódios são longos, tendo em média 50 minutos, e se arrastam se você não estiver ansioso pela próxima cena, quando eles finalmente vão se encontrar e lutar contra o crime. Pausei minha maratona apenas três vezes: duas para comer, uma para tomar banho, e fiz tudo o mais rápido possível só para voltar logo para Sun, Riley, Kala, Nomi, Amanita, Lito, Hernando, Daniela, Will, Wolfgang, Capheus e Jonas. Não se assuste, tem mais de oito personagens aí, mas é porque cada um dos sensates tem sua própria história, além da trama principal, o que me fez ficar um pouco decepcionada.


Vou contar o que eu imaginava que seria: essas oito pessoas totalmente desconhecidas uma para a outra, por algum motivo misterioso agora estavam conectadas, podendo não apenas falar "pessoalmente" umas com as outras estando fisicamente em países diferentes, mas também sentir o que os outros sentiam e acessar os conhecimentos dentro da cabeça deles. "Com grandes poderes, vem grandes responsabilidades", já diziam, então é óbvio que algum grupo de inimigos poria os sensates em perigo, querendo matá-los. E como cada um é de um lugar do mundo, obviamente dariam um jeito de irem todos para o mesmo lugar, montariam um grupo e lutariam contra os bad boys. Genial! Seria uma versão melhorada do grupo de Power Rangers, misturado com os poderes de X-Men e o mistério de Lost. Ação pura!

Bom... não é o que acontece. O que nós temos é um mistério de Lost made in China, misturado com todos os filmes do Quentin Tarantino e uma pitada de... ahn... não sei. Pense em algo meio ridículo. Tipo, com cenas de ação clichês, tiradas clichês e coisas impossíveis acontecendo como se fosse muito natural. E muito sexo. E muitas drogas.

Os personagens são legais, preciso dar credito. Eles são facilmente apegáveis. Eu com certeza já amo Sun, Hernando, Lito, Amanita, Wolfgang e Capheus do fundo do coração. Os outros são ok, também. Não tem um que eu não goste, mas Will é o típico herói americano, e isso me noia um pouco. Por que o mundo sempre tem que ser salvo por um herói americano? Ainda mais se ele for policial, aí é uma regra mesmo. Ele é o principal vínculo de conexão com Jonas Maliki (Naveen Andrews), o "pai" do grupo. Sua trama pessoal é basicamente nula, e seu papel principal é "liderar" os sensates. E isso é uma droga, mas tá. Ele parece ser o mais "poderoso" deles, tendo essa... coisa sensitiva desde criança, mas não ficou bem explicado.


Riley é a típica menina problemática que é salva pelo herói americano, e isso me noia também. Mas tirando essa parte, gostei bastante dela, principalmente sua relação tchutchuca com o papai <3 tão bonitinhos. Ela é DJ e sua trama é baseada em algum segredo tenso do passado que a fez sair da Islândia, onde nasceu e cresceu, e ir morar em Londres, onde se mete com as pessoas erradas e acaba presenciando um crime. E é claro que os bandidos a perseguem querendo a droga e o dinheiro que ficaram com ela sem querer no meio da confusão.


Nomi é genial. Adorei terem colocado uma trans como protagonista, adorei terem dado a essa trans uma namorada mulher e adorei em absoluto eles baterem tanto na tecla do preconceito, porque sim, isso precisa ser mostrado e falado. Mas ter tantas cenas de sexo entre Nomi e Amanita me deixou meio bolada. Não era necessário. Não colocaram tantas cenas de sexo entre casais héteros, nem entre o casal homossexual masculino da história, maaaas tudo bem, relevei porque eles pegaram uma atriz trans para o papel, então compensa <3

Sua trama é, talvez, a mais bacana. Ela é a primeira "sequestrada" pelos inimigos e precisa lutar para fugir e se salvar, ainda sem ter muita ideia do motivo pelo qual está sendo caçada. Nita, a namorada fiel-escudeira-de-cabelos-maravilhosos-totalmente-apaixonada é sua principal ajudante, disposta a qualquer coisa. E em meio a tudo isso, Nomi ainda precisa lidar com o preconceito da própria mãe, que se recusa a chamá-la de qualquer coisa que não seja Michael, seu nome de batismo. Eee, mais além disso, é uma hacker foda, então é peça importante na batalha contra a organização do Mr Whispers.


Kala, a indiana fofa, é meio sem sal. Shippei muito ela e Wolfgang, mas toda vez que Rajan aparecia e falava coisas lindas, eu não entendia como ela não podia amá-lo (mentira, entendo sim, mas Rajan <3 ). Ela é uma farmacêutica e sua trama é basicamente toda em volta do seu casamento com um homem que ela não ama. Ela usa suas skills químicas para ajudar os outros algumas vezes, mas tirando isso... não faz grandes coisas além de reclamar que está prestes a se casar com alguém sem ter amor. Mas preciso mencionar que suas ideias sobre ciência e religião me deixaram emocionada.


Wolfgang. Oh, Wolfie. Por que tão sexy? Único nu frontal masculino da série, que está gerando o que falar ("OMG! Um pênis!" e essas coisas). Ele é o típico anti-herói que todos amam. Wolfgang não é um homem bom e correto, ele é um criminoso, mas mesmo assim todos quer um Wolfie em suas vidas. Ele teve uma infância problemática com um pai abusivo e se tornou um adulto violento, mas querido (isso é possível, sim senhor). Rouba, bate, mata, e ainda assim ganhou meu coração sendo tão protetor com seu amigo de infância. Além de ser alemão, porque alemães <3

Sua trama envolve toda uma "máfia" da qual ele meio que faz parte, com seu tio sendo o "Poderoso Chefão" e seu primo invejoso arranjando encrenca com ele. É interessante, mas meio clichê de filmes de mafiosos, ladrões e essas coisas.


Lito. Oh, Lito. Por que tão sexy²? Lito e Hernando são as coisas mais jksfkndkfhdg da série inteira. Shippei muuuuito, sofri muuuuito e amei muuuuito. Os dois, junto de Daniela, com certeza formam o núcleo cômico de Sense8, e adorei terem colocado esse "tempero mexicano" na produção. Quase tudo tinha ar de novela mexicana quando a história era focada neles (a propósito, a série toda é assim: o núcleo indiano tem clichês de filmes indianos, o coreano a mesma coisa, o alemão também e assim por diante. Esse é um ponto bastante interessante do seriado).

Lito é um ator mexicano gay, que precisa esconder sua sexualidade se quiser continuar sua carreira de "herói" nas telinhas. Seu namorado secreto, Hernando (Alfonso Herrera... sim, aquele de RBD), é o personagem mais fofinho de Sense8, e eles conseguiram me fazer sentir o amor que aqueles dois personagens têm um pelo outro.

Lito é meio apagado na grande trama, mas ajuda algumas vezes com suas skills de ator e mentiroso profissional.


Capheus é meu amorzinho. Tão querido, tão simples, tão fodido. Geralmente me apego a essas personagens fodidas. A relação dele com sua mãe é linda, a relação dele com o amigo Jela é linda também. Até a relação dele com Amondi é fofa. Ele é sempre aquele alívio, em comparação aos outros sensates sempre tão sérios e tensos. Sinto algo zen e bonito quando ele começa a falar com seu jeito querido e humilde. Ele parece ser o melhor a aceitar essa "conexão" misteriosa, não lembro de tê-lo visto desesperar ou achar que estava ficando maluco em momento algum, como os outros.

Capheus é fã de Jean Claude Van Damme e dirige um ônibus chamado "Van Damn" em homenagem ao ídolo. Morando em Nairóbi, no Quênia, ele leva uma vida muito humilde e simples. Sua mãe está morrendo graças a AIDS e ele faz de um tudo para conseguir os medicamentos necessários para ela, inclusive se meter com os traficantes e criminosos da região, botando a própria vida em risco.


E por fim, mas definitivamente não menos importante, a linda Sun. Sun é coreana e minhas comparações com Lost começam aí, desculpa gente. Mulher coreana, chamada Sun, rica, com um pai dono de uma grande empresa, que convive com o machismo na família, mas quer se libertar e tem um segredo. Tirando () isso, as duas não tem nada a ver. Sun-Sense8 é uma empresária, vice-diretora da companhia do pai, mas não tem o reconhecimento que merece exclusivamente por ser mulher. Seu irmão mais novo é um completo babaca riquinho que leva todo o crédito exclusivamente por ser homem. Lá pelas tantas, as autoridades descobrem que alguém na empresa está roubando dinheiro e ela precisa decidir se assume a culpa para não prejudicar a família - que sempre a desprezou -, considerando que será presa se fizer isso.

Ela é, talvez, a minha preferida. Tem esse ar de mulher frágil, pequena, magrela... mas luta que é uma beleza! Acho que das quatro mulheres, ela é a mais forte tanto fisicamente quanto psicologicamente.


Como disse, cada um deles tem sua própria trama e são ajudados ou influenciados pelos outros sete sensates ao longo das próprias jornadas. Nada de Power Rangers lutando por sobrevivência e justiça. Apenas 8 pessoas "comuns", com problemas "comuns", lutando cada uma a sua batalha - o que não deixa de ser importante, afinal de contas. Meio boring para quem estava esperando algo mais... fantástico?! Mas inegavelmente real. E isso não significa que eles não partilhem experiências... hmmm... singulares.



Esperei ansiosamente pelo momento em que eles fossem se encontrar pessoalmente - e provavelmente foi o que me deu fôlego para assistir tudo em um dia só -, então fiquei frustrada no final. Mas, apesar disso, achei bom. Eles não precisam estar no mesmo lugar, pois estão sempre conectados. E se for renovada e tiver outra temporada, espero sinceramente que eles comecem a focar na mesma batalha contra Whispers e sua organização do mal, e deixem suas brigas e dramas pessoais de lado. Não precisam ir todos para o mesmo lugar, mas por favor, um pouco de foco e respostas não vão fazer mal a ninguém.

Ponto positivo: adorei terem usado atores dos países em questão (em sua maioria, é verdade... Miguel Ángel Silvestre é espanhol e não mexicano, Aml Ameen e Tuppence Middleton são ingleses, e não queniano e islandesa, respectivamente), mas me incomodou muito não falarem em suas línguas originais. Entendo que seria uma dificuldade maior no sentido técnico e comercial, ok, ok... podemos usar essa desculpa... mas mesmo assim, eles podiam falar coreano, hindi, suaíli, islandês, espanhol, alemão pelo menos enquanto conversavam com pessoas de fora do círculo "sensate", né?

Tecnicamente a série está cheia de erros de continuidade, mas mais uma vez, entendo que deve ter sido absurdamente difícil gravar a cena em uma locação e depois a mesma cena, do mesmo jeito, com os mesmos atores, em outra. Errinhos compreensíveis que não influenciam no resultado final, mas talvez incomodem alguns dos espectadores mais observadores (ou chatos, como eu).

Já o som... ninguém realmente liga para o som, mas... ah, dane-se, preciso falar do som! É primoroso! Não apenas os grandes efeitos sonoros, mas os pequenos detalhes. Deve ter sido demais editar o som de Sense8! Ouvi até um Wilhelm Scream (sou dessas toscas que começam a rir quando ouvem esse grito, hehe). Inclusive - não que tenha algo diretamente relacionado, mãs - a cena mais bonita, na minha opinião, é aquela que conecta os oito sensates pela primeira vez ao mesmo tempo. E isso acontece através de uma música:






Apesar de ter sido muito crítica - talvez? -, gostei bastante da série. Não era o que eu esperava, então deixando de lado minhas frustrações pessoais, ela foi muito bem feita e muito bem bolada. Faltou alguma coisa, mas acho que isso se explica com uma frase que li por aí (não lembro onde, agora, desculpa): ela parece na verdade um grande piloto de 12 horas. Parece uma apresentação, uma preparação para algo maior que está por vir. Então, esperemos que seja renovada, amém.

Pelo que vi na internet, a recepção do público parece ter sido boa. É um pouco confusa no começo apresentando tantos rostos e nomes novos, e te lançando dezenas de perguntas, mas normal, né. As únicas reclamações que vi foram disso, de pessoas que acharam "chato" porque não estavam entendendo nada. Mas aos poucos você vai tendo as respostas, não desista tão rápido! E que comecem as teorias malucas!

Um comentário: